sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Claudia Canto em um gole!



Nasci na periferia de SP, (Cidade Tiradentes, 280 mil habitantes, onde mais de 50% da população são de origem negra) onde moro até hoje!
Mérito ou Demérito?
Que tirem vocês suas próprias conclusões.
Quanto a mim, nada deixei de conseguir, ou muito perdi.
A periferia para mim, me deu sustentáculo, para driblar grandes problemas, acho que criei mais resistência, fiquei mais “malandra” sei lá, em momentos de perigo, nas ruas de Sampa, algumas amigas do “lado de lá” me diziam:
-Ai, Clau, ainda bem, que você sabe se sair, nestas situações.
O que significava dizer, ainda bem que você conhece a língua deles.
A base que a periferia me deu, escola alguma me dará. Clichê? Pode até ser, mas a verdade é esta.
Só sendo muito malandra, para viajar a Europa, como 500 euros no bolso, sem rumo, conseguir se virar, e ainda voltar com o sonho realizado, ou seja, tornar-se uma escritora.
Com o tempo, a periferia deixou de ser minha rota diária, mas a minha essência, mantive, mantenho...
Conheci alguns países, e desta forma pude comparar melhor as coisas boas, e ruins da periferia, ou seja, o que antes me incomodava, passou a ser fator comum, e o que me agradava passou a ser secundário...
Era o tal amadurecimento, que só as viagens, os livros e as pessoas interessantes, são capazes de proporcionar...
Na minha primeira viagem, para a Europa, fiquei praticamente em cárcere privado, trabalhando em um Castelo em Lisboa, como empregada doméstica, foram os momentos, mais tortuosos da minha vida; privação da liberdade, é uma das coisas mais ruins que pode acontecer com o ser humano.
Fiquei em cárcere, por quase um ano!
Tinha sim, a opção de ter me tornado uma Prostituta, mas descobri que para tal, que o talento é primordial, e me falta este recurso, felizmente, ou infelizmente. Há de se verificar!
Não me tornei prostituta, mas sim escritora, foi nesta ocasião que nasceu meu primeiro filho/livro.
MORTE ÀS VASSOURAS: DIÁRIO DE UMA JORNALISTA Q SE TORNOU EMPREGADA DOMÉSTICA EM PORTUGAL.
Um livro polêmico, que me trouxe novas diretrizes, e um novo caminho a seguir...
Daí para o segundo, não foi difícil, já que respirava literatura, e passei acreditar que tudo podia! Desde que acreditasse, e buscasse incansavelmente.
Mas este incansavelmente, às vezes, cansa, e só tendo ao lado, pessoas que acreditem em você, para poder reunir força e continuar a cada atropelo, que não são poucos.
Meu segundo filho/livro, chama-se BEM VINDO AO MUNDO DOS RAROS, CONTOS E CRÔNICAS DE UMA PSIQUIATRIA.
Experiência vivida, dentro de uma psiquiatria, onde trabalhei por 2 anos, e de lá sai muito mais humana, e por incrível que pareça, menos insana, pois pude ver o que é a verdadeira loucura.
Um patologia rodeada de preconceitos e muito, mas muito cruel.
Os pacientes na maioria tornaram-se meus amigos, e achei que devia fazer algo.
Hoje ministro palestras sobre o tema gratuitamente.
A cada nova pessoa, um novo testemunho, a cada novo país visitado, novas culturas absorvidas.
Sou de fato, uma mulher de sorte, mas muitas vezes confesso que não dou muita sorte, principalmente para os homens machistas, e foi pensando neles, que escrevi:
Mulher Moderna, Tem Cúmplice, onde abordo outro tema polêmico, violência contra as mulheres.
Acho que com estes goles, poderão conhecer um pouco mais a minha vida!
Pelo menos a intenção é esta!
beijos, claudia canto

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